Língua de Sinais
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Uma língua de sinais (português brasileiro) ou língua gestual (português europeu) é uma língua que se utiliza de gestos e sinais em vez de sons na comunicação. Há no mundo muitas línguas de sinais usadas como forma de comunicação entre pessoas surdas ou com problemas auditivos. Muitas delas receberam reconhecimento oficial em vários países, e pode acontecer que pessoas usando códigos diferentes possam entender-se num nível básico.
Índice
1 As Línguas de sinais no Mundo
2 Alfabeto dactilológico
3 Línguas de sinais e línguas orais
3.1 Aspectos comuns
4 Características próprias das línguas de sinais
5 Referências
6 Ligações externas
Assim como entre os idiomas falados, é grande a variedade de línguas de sinais ao redor do mundo.
Ao contrário do que muitas pessoas pensam. As línguas de sinais não são meramente intuitivas, nem partem exclusivamente de sinais de mímica. Crer que as línguas de sinais se limitassem à mímica seria como crer que a língua falada se limitasse à onomatopéia. Elas possuem códigos com o mesmo nível de abstração das línguas faladas e são aprendidas por aqueles que as utilizam, assim como um ouvinte aprende uma língua falada.
Muitos linguistas se dedicaram a estudar diferentes línguas gestuais, concluindo que estas apresentavam diferenças consideráveis entre si. Deve-se levar em conta que diferenças culturais são determinantes nos modos de representação do mundo. Assim, os surdos sentem as mesmas dificuldades que os ouvintes quando necessitam comunicar com outros que utilizam uma língua diferente. [1]
Cada país tem a sua própria língua gestual. Tomando como exemplo alguns países lusófonos, vemos que utilizam diferentes línguas de sinais: no Brasil existe a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), em Portugal existe a Língua Gestual Portuguesa (LGP), em Angola existe a Língua Angolana de Sinais (LAS), em Moçambique existe a Língua Moçambicana de Sinais (LMS).
Além disso, da mesma forma que acontece nas línguas faladas oralmente, existem variações linguísticas dentro da própria Língua de Sinais, que se podem considerar regionalismos e/ou dialetos. Essas variações se devem a culturas diferentes e influências diversas no sistema de ensino do país, por exemplo. Há até mesmo uma língua de sinais pretensamente universal, análoga ao Esperanto, conhecida como Gestuno, que é usada em convenções e competições internacionais.
A língua de sinais é ainda usada em situações em que pessoas sem quaisquer deficiências, ao nível da visão ou audição necessitam comunicar, sem poderem usar sons. Exemplos disso são a comunicação entre mergulhadores e certos rituais de iniciação entre aborígenes australianos, em que é proibido falar oralmente por um período de tempo.
Não se sabe quando as línguas de sinais se iniciaram, mas sua origem remonta possivelmente à mesma época ou a épocas anteriores àquelas em que foram sendo desenvolvidas as línguas orais. Uma pista interessante para esta possibilidade das línguas de sinais terem se desenvolvido primeiro que as línguas orais é o fato que o bebê humano desenvolve a coordenação motora dos membros antes de se tornar capaz de coordenar o aparelho fonoarticulatório. As línguas de sinais são criações espontâneas do ser humano e se aprimoram exatamente da mesma forma que as línguas orais. Nenhuma língua é superior ou inferior a outra, cada língua se desenvolve e expande na medida da necessidade de seus usuários.
Também é comum aos ouvintes pressupor que as línguas de sinais sejam versões sinalizadas das línguas orais; por exemplo, muitos acreditam que a LIBRAS é a versão sinalizada do português; que a Língua Americana de Sinais é a versão sinalizada do inglês; que a Língua Japonesa de Sinais é a versão sinalizada do japonês; e assim por diante. No entanto, embora haja semelhanças ou aspectos comum entre as línguas de sinais, devido a um certo contágio linguístico, as línguas de sinais são autônomas, não derivando das orais e possuindo peculiaridades que as distinguem umas das outras e das línguas orais.
A língua de sinais é tão natural e tão complexa quanto as línguas orais, dispondo de recursos expressivos suficientes para permitir aos seus usuários expressar-se sobre qualquer assunto, em qualquer situação, domínio do conhecimento e esfera de atividade. Mais importante, ainda: é uma língua adaptada à capacidade de expressão dos surdos. Por outro lado, a Lingua de Sinais, embora seja a língua natural dos surdos, nao é a linguia materna de qualquer surdoLS é a abreviação de Língua de Sinais.
A difusão do alfabeto dactilológico de uma só mão entre os ouvintes gerou a pressuposição de que esse alfabeto é a própria língua de sinais, que há uma única língua de sinais e que essa língua é universal. No entanto, o alfabeto dactilológico é apenas um suplemento das línguas de sinais, cuja função é a soletração de palavras das línguas orais, tais como, nomes próprios, siglas, empréstimos, etc.
De acordo om o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), o alfabeto dactilológico usado atualmente no Brasil é um conjunto de 27 formatos, ou configurações diferentes de uma das mãos, cada configuração correspondendo a uma letra do alfabeto do português escrito, incluindo o “Ç”.
É muito aconselhável soletrar devagar, formando as palavras com nitidez. Entre as palavras soletradas, é melhor fazer uma pausa curta ou mover a mão direita para o lado esquerdo, como se estivesse empurrando a palavra já soletrada para o lado. Normalmente o alfabeto manual é utilizado para soletrar os nomes de pessoas, de lugares, de rótulos, etc., e para os vocábulos não existentes na língua de sinais.
Os sinais de pontuação, tais como, vírgulas, ponto final e de interrogação, às vezes, são desenhados no ar. Preposições e outras classes de palavras de que a língua não dispõe são inseridas na sinalização por meio da dactilologia, ou do alfabeto manual.
Línguas de sinais e línguas orais
Ao falarmos em língua de sinais estamos a referir-nos a língua materna/natural de uma comunidade de surdos, isto é, uma língua de produção manuo-motora e de recepção visual, com vocabulário e gramática próprios, não dependente da língua oral, usada pela comunidade surda e alguns ouvintes, tais como parentes de surdos, intérpretes, professores e outros.
Aspectos comuns
Arbitrariedade: As línguas orais são maioritariamente arbitrárias, não se depreende a palavra simplesmente pelo sua representatividade, mas é necessário conhecer o seu significado. A iconicidade encontra-se presente nas línguas de sinais, mais do que nas orais, mas a sua arbitrariedade continua a ser dominante. Embora, nas línguas de sinais, alguns gestos sejam totalmente icónicos, é impossível, como nas línguas orais, depreender o significado da grande maioria dos sinais, apenas pela sua representação.
Comunidade: As línguas orais têm uma comunidade que as adquirem, como língua materna, cujo desenvolvimento se faz através de uma comunidade de origem, passando pela família, a escola e as associações. Todas as línguas orais têm variações linguísticas. Todas as línguas gestuais possuem estas mesmas características.
Sistema linguístico: As línguas orais são sistemas regidos por regras. O mesmo acontece com as línguas de sinais, conforme referenciado por Stokoe (1960).
Produtividade: As línguas orais possuem a características da produtividade e da recursividade, sendo possível aos seus falantes nativos produzirem e compreenderem um número infinito de enunciados, mesmo que estes nunca tenham sido produzidos antes. Acontece o mesmo com as línguas de sinais, sendo encontradas a criatividade e produtividade nas produções, por exemplo, da LGP, pelos seus gestuantes nativos, parecendo não haver limite criativo.
Aspectos contrastivos: As línguas orais possuem aspectos contrastivos, isto é, as unidades fonológicas do sistema de determinada língua estabelecem-se por oposições contrastivas, ou seja, em pares de palavras, em que a substituição de uma unidade fonológica (um fonema) por outra altera o significado da palavra (por exemplo: parra e barra). Acontece o mesmo nas línguas de sinais, sendo que em vez de unidade fonológica, muda um pequeno aspecto do gesto (por exemplo, na LGP: método e liberdade).
Evolução e renovação: As línguas orais modificam-se, como no caso das palavras que caem em desuso, outras que são adquiridas, a fim de aumentar o vocabulário e ainda no caso da mudança de significado das palavras. O mesmo acontece nas línguas de sinais, a fim de responder às necessidades que a evolução socio-cultural impõe (por exemplo, na LGP, os seis gestos de "comboio", ou os gestos de "filme").
Aquisição:A aquisição de qualquer língua oral é natural, desde que haja um ambiente propício desde nascença. Na língua gestual acontece de igual forma, não tendo o indivíduo surdo que exercer esforço para aprender uma língua de sinais, ou necessidade de qualquer preparação especial.
Funções da linguagem: As línguas orais podem ser analisadas de acordo com as suas funções. O mesmo acontece com as línguas de sinais. As funções são: a função referencial,a emotiva, a conotativa, a fática, a metalinguística, e a poética.
Processamento: Embora usando modalidades de produção e percepção, as línguas orais e de sinais são processadas na mesma área cerebral.
Características próprias das línguas de sinais
Kyle e Woll apontam algumas propriedades exclusivas das línguas de sinais, tais como o uso de gestos simultâneos, o uso do espaço e a organização e ordem que daí resultam. Assim, as línguas de sinais possuem uma modalidade de produção motora (mãos, face e corpo) e uma modalidade de percepção visual.
Embora existam aspectos universais, pelos quais se regem todas as línguas de sinais, a comunicação gestual dos Surdos não é universal. As línguas de sinais, assim como as orais, pertencem às comunidades onde são usadas, tendo apresentando diferenças consideráveis entre as determinadas línguas.
As línguas de sinais não seguem a ordem e estrutura frásicas das línguas orais, assim o importante não é colocar um sinal atrás do outro, como se faz nas línguas orais (uma palavra após a outra). O importante em sinais é representar a informação, reconstruir o conteúdo visual da informação, pois os surdos lidam com memória visual. As línguas de sinais possuem sua gramática própria, assim como as línguas orais possuem as suas, sendo elas totalmente independentes.
Referências
Dicionário Libras - Traz as imagens reais, na forma de pequenos "filmes", o que facilita um aprendizado mais eficiente.
Portal de Libras
INES - Instituto Nacional de Educação dos Surdos
FENEIS - Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos
sur10.net - o portal da surdez.
Dicionário de Libras em CD-ROM
O Decreto de Dezembro de 2005 , que garante a inclusão da LIBRAS, nos sistemas educacionais do Brasil.
Surdos
Categorizações Bilinguismo • Surdo oralizado • Leitura labial • Oralismo • Ouvinte • Pessoa surda • Surdez • Surdo-mudo • Surdocegueira
Aparelhos e implantes Aparelho auditivo • Implante auditivo no tronco cerebral • Implante Baha • Implante coclear
Língua de sinais Dactilologia • Gestuário de língua gestual portuguesa • Gestuno • LIBRAS • LGP • Lista de línguas gestuais • Nome gestual • Reconhecimento de gestos • Sinais familiares • Signuno • SignWriting
Surdos e a sociedade Cão-ouvinte • Cultura dos surdos • Educação da criança surda • Educação inclusiva • Filmes • História dos surdos • Inclusão social • Integração do surdo na sociedade • Interpretação para os surdos
Estudos e teorias Fonoaudiologia • Koko (gorila) • Otorrinolaringologia • Teoria behaviorista • Teoria inatista • Teoria de interacção
Organizações APADA • APECDA • APILS • Associação de Alexander Bell para os Surdos • AILGP • APS • CBS • Comitê Internacional de Esportes para Surdos • Congresso de Milão • FEBRAPILS • FENEIS • FPAS • INES • WFD • Movimento Gallaudet • Sociedade Internacional de Crianças Surdas • Sociedade Nacional de Crianças Surdas • EUDY • União Europeia de Surdos • Universidade Gallaudet
Personalidades Anne Sullivan • Charles-Michel de l'Épée • Emmanuelle Laborit • George Dalgarno • Helen Keller • Jacob Rodrigues Pereira • John Bulwer • José Bettencourt • Juan Pablo Bonet • Konrah Amman • Laura Bridgman • Pedro Ponce de León • Pierre Desloges • Roch-Ambroise Cucurron Sicard • Samuel Heinicke • Sueli Ramalho • Thomas Hopkins Gallaudet • William Stokoe
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