A minha infância foi mesclada com as cores brilhantes, como todo o início de vida deveria ser...
Eu fui muito querida, muito mimada por todos, miúda e serelepe, sempre buscando carinho, colo e elogios.
Era Betinha para cá, e Betinha para lá...assim foi meus primeiros anos de vida, minha Tia-avó Emília Rute me mimava demais, realizava sempre todos os meus caprichos, por simples ou difíceis que fossem, e é claro, que eu explorava essa situação.
O interessante é que ela se dedicava totalmente a mim e fazia quitutes em exagero, era doces, bolos, pães, sonhos, manjares, pudins, a mesa vivia repleta era só estender as mãozinhas e fartar a barriguinha.
Eu quase invisível, não desgrudava de seu vestido enorme florido, com bolsos em ambas laterais, sempre cheios de balas e chicletes e pela sua largura me escondia em suas pregas.
O perfume de talco era a sua "marca registrada", sempre perfumada e de colo macio, seus braços me envolviam, assim como seu aroma...
O tempo todo e em tudo ela professora, me ensinava sobre mim, sobre o mundo, sobre o presente, passado e futuro...
Em tudo, em tudo mesmo ela encontrava um jeitinho de me ensinar com detalhes, com alegria, com risos, risinhos e gargalhadas, palhaçadas, com caretas e gestos, me ensinava sobre a vida, sobre a morte, coisas do céu, coisas da terra, coisas do espaço, coisas debaixo da terra...assim era minha Tia- Babá, Tia- avó, Tia-companheira, Tia-parceira, Tia-confidente, Tia-sorridente...
Eu era o centro de sua atenção... preenchia o vazio da vida dela...
Era seu prazer me ensinar de tudo: Como nasce o sol? Como acontece a chuva? Como nasce os pintinhos? Como eu nasci? De onde veio trigo, que faz o pão? Questões e mais questões, perguntas e mais perguntas e eu não me fartava de perguntar...
Então tudo virava histórias, tudo se tornava interessante, ela explorava a minha curiosidade, minha sede de aprender, de saber...Era uma verdadeira filosofa...era uma poeta e cantora...tudo se transformava em poesia, tudo se tornava canções...
Que saudades...daquele sorriso, do colo, do carinho, dos abraços espremidos, dos beijos molhados, que saudade de sua voz e de seu cheiro...
O tempo a levou...e a saudade ficou...
Não sei porque essa saudade agora, essas lembranças, que me apertam a garganta...talvez esteja precisando de colo, de abraços...de compreensão, ou mesmo de ouvidos...ou de canção...
Seria muito bom se todas as Tias, Tios, Pais, fossem metade do exemplo, que foi a minha Tia- avó Emília Rute...
Que Deus lhe dê os abraços, como ela deu... a mim e aos meus irmãos...
Seu nome deveria ter sido Pacífica, ou Paciência, sempre teve ouvidos para minha bobagens, fantasias e os caminhões de perguntas.
Ela sempre na cozinha e no fogão... e eu grudada em seus bolsos, falando, questionando, filosofando infantilmente e ela rindo dizia: "Haja! Haja!...caminhões de paciências...minha flor- de- maracujá..."
E quando eu aprontava das minhas... Ela rindo dizia: " Ah! minha flor, já aprontou, né?
Meu Deus! Abençoadas sejam todas as pessoas, que cuidam, que se dedicam aos nossos pequeninos, e que dispensam amor e atenção a eles...
Abençoados sejam todos os Professores, pela missão maravilhosa, que eles abraçaram...
Elisabete Lauriano
Votorantim/SP
18 de Janeiro de 2012
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