quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Ei, ei...escolha viver...

Numa noite gélida, sem sono perambulava pela rua pensativa, procurando soluções para causas perdidas...ou mantidas...
Eis, que avistei um rapaz, que cambaleante... seguia errante...
Parei, sufoquei... uma curiosidade repentina me aguçou, meu coração no peito saltou...
Que aconteceu com aquele rapaz, estaria doente, ou dormente...

O impulso foi segui-lo, já que me parecia totalmente alheio a vida...a realidade...ao frio...ao trânsito...ao povo que nos cercava.
Curiosa, espantada e ao mesmo tempo com medo, segui-o, fui passo a passo, tentando ver seu rosto, saber se o conhecia, se algo sobre aquela alma descobria...

Mistério...incrível, cada passo cambaleante, parecia ser o último, ameaçava cair, pendia o corpo, quase colocava as mãos no chão pedregoso, mas continuava seu trajeto perigoso...
Num beco sem saída, ele parou.
Meu coração quase pela boca saltou.

Aquele moço judiado, magro, sujo, mal cheiroso, se aproximava...e eu sem saída estaquei...e agora?
Que fazer? Chorar, tremer, correr, gritar, pular, espernear? Fugir por onde?
Defender-se como?
Com os olhos arregalados, esperei que se aproximasse.

O moço já bem perto, pude avistar seu rosto encovado, suas lágrimas que escorriam pela face...e senti pena.
Com voz fraca e embargada, me perguntou porque o seguia...O que eu queria com ele, que eu fosse embora e o deixasse em paz com suas dores e agonias.

Nesse momento senti minhas pernas amolecerem e me deixei cair sentada naquele beco escuro...e obscuro.
Fiquei olhando para ele, agora sem medo... com piedade, com pena, estava chorando com ele sem saber o que se passava...o que o atormentava...

O moço começou a contar sua vida e fiquei sabendo que por ter vivido uma vida desregrada, agora pagava o preço, e já definhava com uma doença em fase terminal.
O médico havia lhe dados poucos meses de vida...E ele em desespero tinha resolvido dar fim nela, sem coragem de enfrentar o restava dela.

Agora chorava desesperadamente, aos soluços, angustiosamente...
Diante daquela cena, dobrei meus joelhos ali mesmo no chão, nas pedras e comecei a orar, orava de mãos elevadas para o alto suplicando ao Papai do Céu, que nos ajudasse naquele hora, que salvasse aquela alma vivente, intercedia por aquele moço, que nunca havia visto...

Levantei-me, fui até ele e estendi as mãos...e disse:
-Ei, ei...escolha viver...
-A vida a Deus pertence, só a Ele compete conceder a vida ou tirá-la, a mais ninguém.
-Agora que você percebeu que tem desperdiçado sua vida, com coisas sem futuro, você se conscientize de que ainda tem tempo de recuperar alguma coisa perdida, ou conquistar o que ainda não conquistou, a oportunidade é agora...

E juntos retornávamos para os nossos lares, conversando e até rindo de alguma coisa passada...
Entendemos que nessa vida, muitas vezes fazemos nosso próprio martírio, e que a vida pode e deve ser muito melhor...
Nos separamos na esquina, cada qual para o seu destino, e cada qual com a sua solução...
E cada qual com seu tempo determinado para viver...Então, façamos o melhor hoje...

Elisabete Lauriano
Agosto/2013
 

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