quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Sensibilidade aguçada

Eis, que andava por aí, fugindo de mim...deixei minha bagagem em um esconderijo e corri...sem querer lembrar tudo que sofri...Na verdade vivi esquecida de mim...
Fiquei vazia de mim, me permiti estar assim...Deixei as emoções nos porões...Queria me livrar de seus grilhões...
Ah! Voei, voei...para longe de mim, então me esforcei...
Para que servem as emoções senão para atordoar o raciocínio, para que servem, senão para provocar o desatino.
Fugi de mim mesma, me permiti largar as pesadas bagagens...Quantas ferragens...
Quanto peso desnecessário...peso que devo lançar para fora de mim...
Agora só quero colher jasmim...
Eis que vagava ao léu...alcancei o céu...me cobri com um alvo véu...
Eis que o rumo era certo, mas os caminhos ambíguos...escolhas à fazer, e eu caminhava sem saber...me cansei de meus ais...não quero voltar jamais.
Ah! o Retorno...a mim, o retorno...
Eu estou vazia de mim...
Sem palavras...
Sem sentimentos...
Sem ressentimentos...
Vazia...sem fantasias...
Cresci, enrobusteci...enfim, aprendi...
Esgotei todos os meus gemidos e lamentos...acabaram-se os tormentos...
Agora, só tenho paz...alegria, leveza de coração...lembro-me de viver a fé e a oração...
Estou  contente comigo mesma, fui valente, guerreira, forte, decidida, embora saiba que essa força não fora minha...
Fui quebrada, magoada, humilhada, oprimida, moída...
Tive então que juntar os cacos, remendar-me por inteira...Na verdade de tudo que vivi, tudo que eu construí, tive que fazer um inventário para saber o que realmente era a minha essência, e quais pedaços me pertenciam...para então, me reconstruir...
Agora, sim...Estou inteira...
Os cacos que sobejaram, cascas dura e grosseira, não eram minha essência e se tornaram poeira...
Agora, sim...Sou EU...
Euzinha, mesma...Inteira...
Embora ainda com a sensibilidade aflorada e as vezes pelo vigor dos ventos, ainda me doem as rachaduras e as lascas não polidas...que só tempo poderá fixar verdadeiramente as paredes dantes demolidas...
Posso afirmar...com todas as letras que me vem a mente: Que foi mesmo o Papaizinho do Céu, que me reconstruiu, me tirando das cinzas como uma bela Fênix, agora deixei o casulo e me transformei numa linda Borboleta violeta.
Amo a introspecção...
Amo a reflexão...
Amo a solidão...
Porque é nesses momentos que realmente somos, o que somos, ou quem somos...
Nossa essência, nua e crua, sem máscaras, sem disfarces, sem títulos, sem influências, sem cera, sem maquiagem, sem temer as próprias escolhas, sem a necessidade de resguardo.
Somos o que somos, sem vergonha, sem pudor, sem receios de magoar ou ser magoados...sem perigos de arranhar ou ser arranhados...
Simplesmente ser o que somos...
Amo ser Eu mesma...
E estou aprendendo a ser Eu em qualquer lugar, ou circunstância...
Oh!Como a vida ficou mais bela, leve, colorida, desde que resolvi ser apenas "EU".

Elisabete Lauriano
Agosto/2013
  



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