sábado, 22 de outubro de 2011

A Cidade grande




Uf! Que sufoco, que aperto!

Que multidão, quantos rostos fechados, testas franzidas, lábios retorcidos, expressões de dor...

Olhares distantes em corpos presentes.

Uma confusão, transeuntes passando de lá para cá, de cá para lá, como zumbis, alheios aos pássaros, que cantam, a pomba que lhe corta a frente num vôo ousado, ou pousa aos seus pés frenéticos, que não podem parar, os pássaros levantam vôo e pousam, como que dançando no ar num balé perfeito, e não é percebida tal beleza.

Anestesiados não percebem as vidas ao seu redor, seguem suas marchas fúnebres, sem cessar.

Gritos sufocados, sorrisos já não existem, em que deserto morrem essas almas sedentas de amor?

Como resgatá-las desta sombria e distante viagem ao paraíso do nada?

Cada um perdido em si mesmo, se fecha como uma ostra, se isola, e roda de lá para cá buscando respostas, saídas...

Oh! Solidão, como és amarga companheira de tantas vidas, que mantém aprisionada com seu fosco véu.

Liberte-os, deixe-os, viver, tire teu veneno de suas almas, para que elas despertem deste pesadelo e sintam com alegria o sol que está esquentando seu dia, sua face já rosada pelo calor de seus raios, que teimam em se infiltrar por entre os prédios encardidos e amontoados, que nos sufocam.

Desvende-lhes os olhos para que enxerguem os pássaros a sua volta, que ouçam seu canto, que se misturam com múltiplos ruídos. Que sintam que estão sendo tocados por seres semelhantes, que também estão presentes e que tem muito para contar, ensinar, orientar, confortar, consolar, testemunhar, dividir, somar, multiplicar, subtrair, extinguir...

Enfim viver é amar, e amar é sentir o outro e abrir lhe espaço para que haja partilha do seu eu...

Ouse amar, ouvir, compartilhar, sorrir, pois o sorriso é a condução de resgate que traz de volta aqueles que estão perdidos em seus desertos...

Elisabete Lauriano
Vot / 2007
                                  

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