domingo, 23 de outubro de 2011

Reflexão Síndrome do ninho vazio.



Só quem passou por isso, que sabe a dor que esta Síndrome do ninho vazio provoca, é a dor da perda, da separação, do vazio, que dá eco pela casa...

É uma dor, que lateja e parece torcer o coração e não se podem conter as lágrimas, não se dorme, não se alimenta, enquanto ela está latente...

Encontramos o amor e formamos uma família, vem o filho, o bebê, o fruto desse amor enche a casa, a vida...

A presença constante, os afazeres contínuos, a rotina tudo consome o tempo e assim vamos vivendo.

O tempo passa, o tempo escorre entre os dedos e tudo se transforma diante de nossos olhos,

As crianças, os bebês, crescem, já são adultos se casaram e agora o ninho está vazio...

Tão vazio que dá eco pela casa, as lágrimas rolam ao ver camas vazias, copos e pratos a mais na mesa, que por costumes vão para lá automaticamente.

A saudade aperta o coração, espreme a mente, que tenta corajosamente controlar, equilibrar os sentimentos, sem nenhum sucesso...

As preocupações naturais se tornam torturas, as lembranças do passado, como espada transpassa o coração, o futuro se torna incerto, constrangedor, ameaçador, cada vez mais opressor, pois aumenta ainda mais a distância daqueles que amamos.

A depressão é companheira, a solidão é alimento, as lágrimas são sangue que a alma ferida sangra, o medo é presente.

Tristeza, demora para ir embora, olho vermelho, coração dolorido, mente confusa em busca de compreensão, tentando achar uma saída para se salvar desse turbilhão de lamentos.

Para onde vou é eco, para onde me viro é lembranças, e mais lágrimas derramadas em busca de algo que se perdeu e não mais retornará...

Ah! Meus bebês, onde estão?

Onde estão as crianças, que brincavam e brigavam, enchendo o meu dia, meu tapete, a sala, os quartos, onde estão?

Meu colo vazio, murcho, meus braços pendentes ao longo do corpo inerte, não têm a quem abraçar...

Solidão, solidão sua torturadora, você não vai me derrotar...

Hei de vencer, de sorrir, mais tarde talvez, mas vou sorri...

Lágrimas teimosas, que queimam meu rosto, não param de brotar.Sinto o perfume dos meus rebentos, ouço seus gritos alegres, vejo-os correndo pela casa frenéticos a brincar, lembranças, lembranças...

O sol raiou a esperança brotou, novas crianças encherão meu lar, meu colo, minha vida.

Enfim os netos chegarão e a vida prossegue seu intento, renovar, aumentar, multiplicar, somar.

Oh! Lucidez, não perdi afinal, ganhei, mais três, mais cinco, e todos os mais que virão a nascer...

Oh! Ninho não estará mais vazio, logo se encherá de novas vidas, sua semente brotará e multiplicará...

Assim é a vida, assim é, nada se perde, tudo se transforma, se multiplica, se desenvolve, cada fase é preciosa, precisamos aproveitar cada fase de nossas vidas, com sabedoria, com alegria, pois é passageira.

A vida é um sopro, uma nuvem que se desvanece no ar...



Elisabete Lauriano
Votorantim/SP
2005

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