quinta-feira, 27 de outubro de 2011

História Infantil: A Invasão alienígena no jardim

 

Sinopse



Imagine, uma invasão alienígena...
O que fazer?
Principalmente se você a sua família são as vítimas...
Esta é uma breve história que fará você viajar, nesta fantasia...




A invasão alienígena no jardim


I.Durante a madrugada

Na escuridão da madrugada foi avistada por muitos, a luz estranha que desceu no meu jardim, espanto e admiração, a luz como que explodindo pousou bonita sobre as flores e gramas num espetáculo que parecia chuva de fogos coloridos, poeira cósmica...
Passada a surpresa, um comentando com o outro o que seria aquilo e que tamanha beleza guardaria por segredo, enfim como nada mais ocorresse, se tornou enfado ficar olhando para o jardim, cansados se dispersaram.
Pela manhã o jardim estava mais lindo que nunca, viçoso, rosas abrindo, cravos perfumados, tudo ali parecia em festa, suspirei contente, aliviado, por saber que não sofreram com o acontecido na madrugada, segui para o trabalho.

II. À tardinha
À tardinha, já bastante cansado da lida, ainda tive ânimo de regar as plantas, e cuidei de mim, reunimos a família e os comentários começaram na hora do jantar:
-Sabe, pai, as flores parecem vivas, elas se movem e dão gemidos.
Comentei:
- Impossível, meu filho, elas realmente estão vivas, mas falar, não falam e só se movem com o vento, pois estão presas pelas raízes na terra.
E o outro filho gritou:
-Mas eu vi até os olhinhos da rosa, que me acenava com suas folhinhas, pedindo não sei o que, só não fui até lá por que, fiquei com medo dos seus espinhos.
Tentando conter o riso, respirei fundo e observei com a esposa:
-Procure dar mais atenção aos meninos, eles estão carentes e ociosos, dê mais tarefas para eles, estão com a imaginação a mil, cruzes!
Terminado o jantar e as histórias fomos juntos observar o jardim.
Que belo estava, mais lindo que nunca estivera, ficamos horas o observar, e os vizinhos que passavam, comentavam também a tal formosura.

III. A festa
Madrugada alta e o barulho, melhor o murmúrio lá fora, já começava a incomodar, abri a janela devagar para ver o que ocorria.
Meu Deus! O que era isto?
As plantas todas conversando e se abraçando, dançando, como numa festa, esfreguei os olhos, me belisquei uma, duas vezes, doeu, não estou sonhando...
Pensei e disse:-
-Que maravilha, posso ganhar dinheiro com isto.
Falei alto sem cuidar do sono dos demais:
-Que legal, vou ficar rico, com esse jardim fantástico.
Minha esposa, assustada, sentou-se na cama e reclamou:
-Que faz homem, acordado a estas horas e gritando feito louco?
Respondi:
-Venha mulher, venha ver você mesma!
E as plantas todas no lugar, em perfeita ordem e paradas e mudas.
A minha esposa me olhou, torceu a boca para o canto, como sempre faz quando quer me matar e disse:
-Imaginação a mil, heim!!
Frustrado, fechei a janela e fui para a cama.
Passaram-se os dias, aquelas cenas bailavam em minha mente, as crianças só cochichavam entre eles e me olhavam e disfarçavam.
IV. A beleza misteriosa.
Tomei coragem e abri a boca:
-Muito bem, temos alguma novidade sobre o jardim, meninos?
Eles se moveram na cadeira, se olhavam de cabeça baixa, se encolhendo, e nada, mudos.
Então eu explodi, já não agüentava mais aquela curiosidade, eu estava percebendo que o jardim estava cada vez mais bonito, maior, as flores nasciam todos os dias, estavam maiores de tamanho do que o normal e todos se admiravam. E afinal naquela madrugada eu não estava sonhando, eu vi, com meus olhos e até me belisquei, estou roxo até agora.
Disse:
-Vamos, meninos, podem falar. Eu também vi, a festa das flores, falem, por favor, nós não estamos loucos...
Foi o suficiente para todos pararem o jantar e começar a falar todos juntos e sem parar, como enlouquecidos.
Gritei:
-Calma. Um de cada vez.
Minha esposa começou:
-Isto aqui virou loucura, já não agüento mais, de manhã as rosas gritam, gritam tanto e tão alto que tenho que ir até o jardim e molhá-las, basta os meninos chegarem da escola e as flores todas chamam por eles para brincar e para colocar adubos em suas raízes e querem que lhes tirem os pulgões, são coisas de doido. E tem mais, quando ninguém atende os seus chamados, elas ficam ligando e desligando as lâmpadas, a televisão, o rádio, os aparelhos domésticos, virou uma casa de terror. Nos tornamos seus escravos, seus gritos são tão agudos, que nos torturam os ouvidos, temos que lhes obedecer.
Meu filho mais velho de dez anos, mais consciente falou sério:
-Pai, eu acho que elas querem invadir nosso planeta, elas se movem e estão nos obrigando a tirar muda, e dar para os vizinhos, elas exigem cuidados e se não obedecemos, quase nos enlouquecem com seus gritos estridentes.

V. A fuga.
Eu interrompi, apavorado:
-Vocês, não estão dando mudas, para ninguém, né?
O filho menor de cinco anos, respondeu:
-Não, mais elas fogem pelo portão igual eu fazia, passam por baixo e vão para a calçada e os outros passam e as levam.
Gritei:
-Meu Deus! Que faremos?
Minha esposa me segredou;
-Bem, o fogo mata as plantas, eu ontem já quase louca com seus gritos, fui atender as rosas que são mais ousadas e elas queriam, que eu tirasse mudas, pois já estão apertando-se de tanto que cresceram e eu para me ver livre de seus tormentos, obedeci.
E coloquei a muda no fogo, ela tentou gritar, mas não teve tempo, explodiu em cinzas antes.
Emudeci, deixei o prato, já andava de um lado para outro, pensando, quando os aparelhos domésticos e lâmpadas, tudo ao nosso redor enlouquecia. Os meninos falaram:
-Pronto, já querem água de novo, e vamos logo senão vai começar voar, facas e panelas para todos os lados. E saíram apressados os três.
Eu olhando tudo assustado suspirei e pensei com os meus botões:
-Fomos invadidos, estamos em perigo, que faremos para matar nossos inimigos. Elas querem nos dominar e nos transformar em seus escravos, e pior elas tem poderes sobrenaturais, podem acessar nossos computadores e destruir-nos com nossas próprias armas e bombas atômicas, céus é mais grave do que imagino!
Saí o jardim, calmo, lindo, maravilhoso, quanta beleza, e meus filhos adubando a terra e minha esposa descabelada, molhando, regando sem parar...
Não tive dúvidas, peguei o carro e sumi sem dar explicações.
Voltei, já alta madrugada, entrei, todos dormiam e também adormeci.
Pela manhã, igual a todos os dias, tomamos o café e saí para o trabalho calado.
No meio do caminho, mudei o rumo e me dirigi para a fábrica de adubos, lá todos reunidos os meus vizinhos, ouvi o comentário de cada um deles e planejamos, tinha que ser hoje, isso não poderia continuar...
Já à noitinha cheguei em casa, todos estavam apreensivos com a demora e atrasados jantávamos, eu calado sem explicações, fui para a cama mais cedo.
Minha esposa, magoada, com meu silêncio, reclamou:
-Que bicho te mordeu?
Eu como resposta, só sinalizei com o dedo indicador apontando para o jardim e fingi dormir.
VI. O plano de defesa.
Todos adormecidos, então eu levantei, peguei os vários, vasos espalhados por todos os cantos da casa e levei-os para o jardim, quanto meu gesto foi percebido pelas plantas, que festejavam, começaram a gritar com seus gritos estridentes e me enlouquecendo, minha esposa e filhos acordaram e assustados foram para fora.
Nesse momento os caminhões de água chegaram e foram na frente de cada casa, estenderam-se as mangueiras e num só sinal todos começaram a derramar gasolina sobre as plantas dos jardins. E eu atirei um fósforo aceso e pronto todas as plantas explodiram em cinzas, não sobrou nenhuma sequer.
O lugar do jardim virou um amontoado de cinzas.
Que alívio! Livres da ameaças e torturas, nós olhamos às cinzas fumegantes no jardim.
Olhamos para o céu, os relâmpagos riscavam os céus, trovões e chuvas, entramos molhados para dentro da casa, rindo um do outro pelo banho tomado repentinamente, vimos assombrados um clarão, não era um relâmpago, saímos na janela e pudemos ver aquelas fagulhas coloridas subindo no ar, no meio da chuva torrencial que Deus mandava, as fagulhas coloridas foram se juntando no ar e subindo numa velocidade incrível seguiram para o céu no clarão do relâmpago e sumiram.
Nos olhamos assustados, será que foram embora?
VII. O susto.
E não retornariam mais?
Ficamos atônitos olhando para o céu até doer o pescoço nos trocamos e fomos para a cama, minutos depois meu filho menor veio para o meu quarto, se achegou de mansinho, e sussurrou:
- Pai, eu preciso lhe falar.
Eu sonolento resmunguei:
-Fale, meu filho, logo, e vamos dormir, preciso levantar cedinho para trabalhar.
Meu filho, choramingando, disse:
-Papaizinho, as flores me falaram que queriam morar conosco aqui na terra e nos fazer mais fortes e poderosos e assim não teria mais mortes, nem doenças e nem guerras, enfim seria tudo melhor e que nós viveríamos em festas como elas, e se eu as ajudasse elas ocupariam nossos corpos como hospedeiros, não sei o que é isso, mas só seria para o nosso bem, não nos causariam dano e nem dor e elas poderiam andar e se multiplicar como nós humanos.
E viveríamos juntos no mesmo corpo em harmonia, e logo toda a terra estaria cheia de seres como nós...
Estalei os olhos, acordei num salto, que história é essa, pensei e sentei na cama, abracei meu filho e lhe falei com cuidado:
-Filho, me conte direitinho essa história, que o pai não está mais com sono.
E o menino então cabisbaixo, coçando o braço magro, começou:
-A rosa, aquela maior no meio do jardim me falou todas essas coisas maravilhosas e eu fiquei tão feliz em imaginar que ninguém mais morreria e que eu não perderia você e a mamãe, como perdemos o vovô, que concordei e fiz o que elas me falaram, e tudo deu certo.
Nesse instante eu congelei da cabeça aos pés, engoli em seco e falei baixinho:
-O que é que deu certo, pelo amor de Deus, o que vocês fizeram?
Assustado Pedrinho, começou a chorar, as lágrimas brotaram nos olhos como cachoeira.
Abracei-o forte, e procurei acalmá-lo e incentivei-o a continuar.
O menino aos soluços, continuou:
-Elas falaram para que eu deitasse no meio delas e então obedeci.
Nisso ele parou de falar me olhando para ver minha expressão, com medo de nova repreensão.
Suspirei e falei, com calma tentando me controlar:
-Fale filho, e depois o que aconteceu?
Pedrinho, entusiasmado, gaguejou:
-E, e, e, depois as flores todas se abraçaram, se juntaram em minha volta e começaram a se torcer e as luzes pequenas e brilhantes começaram a rodar em cima de mim, nisso senti uma fisgada aqui no meu braço, era o espinho da rosa e sangrei, quando meu sangue começou a escorrer pelo meu braço, aquelas luzes se juntaram e entraram em meu braço e o sangue parou de escorrer e não ficou nem sinal, olhe só, veja você mesmo.
Amoleci, já não conseguia, ficar nem de pé, nem falar.
O menino todo faceiro me falava com alegria me mostrando os braços e me puxando para a sala, para mostrar sei lá o que, já não estava conseguindo nem pensar.
Falou baixinho:
-Olhe papai, olhe o que eu consigo fazer.
Sentou-se no sofá da sala e me convidou para sentar com ele, obedeci sem sequer imaginar ou pensar em algo.
As luzes da casa, televisão, rádio, aparelhos domésticos tudo começou a ligar e desligar sem que nós nem nos movêssemos.
O menino então com um brilho intenso no olhar me falou:
-Viu, pai são elas que estão dentro de mim e me falam que meus filhos também farão a mesma coisa e a todos que eu der meu sangue, basta uma gotinha e já fiz isso com meu irmão e os colegas da classe, legal né, pai?
Desmaiei, não suportei tal novidade.

VIII. Novo susto...
Quando acordei, estava na cama quentinho, aconchegado à esposa que dormia tranqüila e cheia de bobes e grampos na cabeça, isto sim parecia um alienígena, céus...
Levantei e disse comigo mesmo, que pesadelo terrível, então fui até o quarto dos meninos que dormiam em paz, fui até o jardim e olhei para as flores mirradas de sempre e tudo bem.
Suspirei aliviado, coei o café comecei a sorvê-lo e a luz se acendeu sem que ninguém tocasse o interruptor, minha esposa apareceu na cozinha e comentou.
-Hum! Que cheirinho bom de café! Parece que você está melhor agora querido, tudo bem com você?
Respondi meio surpreso:
-Tudo. Porquê?
Interrompendo o café, respondeu:
-Oswaldo e Pedrinho me falaram, que você passou mal ontem de madrugada e logo em seguida você mesmo se levantou do sofá e veio para a cama, só não entendi aquela mancha de sangue no sofá, não encontrei ferimento algum em você...
Desmaiei novamente, eu não conseguia assimilar o que estava acontecendo.
Abri os olhos e minha esposa e filhos estavam ao meu redor.
Falei, esbravejando:
-O que afinal está acontecendo nesta casa?
Minha esposa Juraci, chorando me olhou e afirmou:
-Nos somos novas criaturas, agora não somos mais como antes, somos diferentes as luzes habitam dentro de nós, experimente e verá.
Pense em ligar a televisão e ela se ligará sem que a toque, e tudo o que pensar  ou desejar acontecerá.
Nossa família é diferente e todos nossos vizinhos, também. Então faremos uma festa para comemorar.
Falei injuriado:
-Vocês perderam o juízo, sabe o que significa isto? Não somos mais nos mesmos, habita em nosso corpo um alienígena, que quer nos destruir e dominar a terra e somos vítimas.
Interrompeu-me, o meu caçula:
-Calma, papai, não seja dramático, elas não querem nos destruir, somos suas moradas, querem nos fazer viver, feliz e com saúde e paz, só isso, não se desespere. Não somos aquelas criaturas egoístas, existe mais amor e fraternidade, por que a consciência de que o universo todo é um organismo vivo e interligado num mesmo interesse, a vida, a eternidade, amor e paz.

IX. A diferença...
Eu tinha que fazer algo, para nos tirar dessa situação, mas não sabia o quê. Os dias se passaram, os meses e os anos, e afinal tudo parecia normal, a não ser por alguns detalhes, meus cabelos brancos desapareceram, minhas rugas também, eu me sentia ótimo, não havia cansaço, nem mau humor, era só alegria e festa e em tudo que tocava realçava as cores e o brilho e o que eu pensava em fazer já o fazia sozinho, havia mais amor, compreensão, ternura no meu coração, só pensava em fazer festas e ver rostos contentes, sorridentes.
É certo que às vezes, tinha pesadelos em que apareciam espinhos em minha pele e folhas cresciam no lugar de barba, galhos apareciam e desapareciam pelo corpo, mas eram apenas pesadelos.
O jardim continuava, lá as flores mais viçosas agora, com mais cuidados e atenção, mas eram somente flores naturais e nada mais.

X. A irmandade
Todas as noites fechavam as ruas e fazíamos festas nas ruas, toda a vizinhança, só alegria, só festas, comemorando o dia, o ar, a chuva, o sol, a terra, o sustento, os filhos crescendo, os que estavam chegando e os que iriam nascer.
Bem tudo ia acontecendo normalmente e a quem perguntava o motivo de nossa alegria constante e insistiam em saber, nós caridosamente lhes segredávamos o motivo real e se uniam as nossas alegrias, afinal era contagiante essa felicidade eterna e universal.
E o tempo se passou...
Meus filhos agora adultos e conversando certa noite no jantar, nos falaram:
-Pai, precisamos conversar sério, aquela história de que as luzes invadiram meu corpo e tudo mais( disse Pedrinho), bem era mentira, só imaginação minha, eu queria é sua atenção.
Fiquei olhando para ele, sem entender o que e por que daquela conversa agora depois de vinte anos e como explicar os efeitos de tal mentira e os poderes e os vizinhos?
Pedrinho, corado, disse não saber explicar, mas era mentira, não houve invasão, só imaginação, bastante fértil por sinal.
Diante de tal declaração todos ficaram mudos, analisando os acontecidos, tentando achar uma explicação.
XI. Fim do mistério...
Nesse instante, Luizinho, filho de Oswaldo falou:
-É a fé, o amor e a alegria, que tudo transforma, é só isso, oras...
Nesse instante houve um apagão e toda vizinhança ficou no escuro o resto da noite. Pela manhã os eletricistas foram chamados para ver o que havia ocorrido, feita a perícia constatou-se, que a rede elétrica da vizinhança inteira, estava afetada por problemas de instalações elétricas inadequadas e velhas. E foi comentado como teria toda as instalações  do bairro ter suportado tais defeitos por tantos anos, sem explodir aquele transformador, que derreteu de vez os fios...
Decepcionado, resolvi então espalhar a realidade para todos os irmãos de sangue e prometemos a nós mesmos, não deixarmos de fazer nossas comemorações diárias, pois afinal tínhamos motivos para tal, estávamos vivos, e com saúde, o restante bem tudo pertence a Deus...

Fim

Lauriano, Elisabete, A Vovó Corujona, Votorantim, SP, 2005

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